quarta-feira, julho 11, 2007

Hospitalidade Cubana

Andando pelas ruas de Cuba os turistas são sempre abordados pelos cidadãos cubanos. Como não somos diferentes também éramos constantemente abordado com o detalhe de que quase sempre éramos abordados a noite quando saíamos para jantar e como os cidadãos viam dois jovens prontamente se ofereciam para nos mostrar as boates, alguns restaurantes locais, entre outras coisas. Como estava de noite e não queríamos nos aventurar por ruas desconhecidas acabávamos agradecendo a ajuda sem utilizá-la.

Até que no nosso penúltimo dia saímos para dar uma volta por Havana Velha e tinha uma grande concentração de turista – era sábado, tinha uma feira local e começavam as comemorações pelo inicio do verão. E onde tinha uma grande concentração de turistas também tinha uma grande concentração de cubanos. Não demorou muito fomos abordados por dois nativos.

Começaram a conversa perguntando de onde éramos, até quando íamos ficar em Cuba, se já tínhamos visitado tal lugar e tal lugar e a conversa começou a fluir. Finalmente perguntaram se a gente já tinha experimentado o Mojito e se a gente já tinha dançado salsa. Como respondemos que não eles rapidamente falaram que tinha um lugar ali perto que servia um Mojito muito bom e que também tinha um festival de salsa. Como era de dia e as ruas estavam muito movimentadas decidimos ir até o local.

Chegando no bar dançante rapidamente sentamos numa mesa e um dos cubanos pediu 4 Mojitos. Enquanto esperávamos o Mojito chegar os companheiros cubanos começaram a dar dicas do que fazer para economizar dinheiro em Cuba. Porque para os habitantes tudo é muito barato, mas para os turistas nem tanto. Falaram do esquema de ficar em casas de cubanos ao invés de hotéis, comprar charutos cubanos com os funcionários das fabricas ao invés das lojinhas e trocar o CUC, moeda que os turistas usam, em Chavitos Cubanos, moeda dos habitantes de Cuba. Ah sim, no meio dessa conversa os Mojitos chegaram e mesmo um pouco desconfiados demos umas goladas.

O papo continuou até que eles se ofereceram para trocar o nosso dinheiro em Chavitos Cubanos. Falamos, então, que estávamos indo embora amanhã e que não precisaríamos trocar muita grana. Eles falaram “tudo bem, troquem só uns 100 dólares cada um então”. Na hora a gente respondeu que 100 dólares era demais, a gente era turista mais não tinha tanta grana. E daí veio “então como vocês vão pagar essa conta?”. A gente falou que tinha uns CUC que daria para pagar a conta (a nossa parte, claro). Eles argumentaram que se trocássemos a grana por Chavitos Cubanos a conta sairia pela metade do preço.

Quando falamos com convicção que não queríamos trocar o nosso dinheiro pelo dinheiro deles o clima ficou meio desconfortável. Pedimos a conta e para a nossa surpresa a conta tava dando mais do que o dobro do que a gente esperava – só para se ter noção costumávamos pagar 15 CUC num jantar para dois e a conta com 4 drinks deu 20 CUC. Juntamos tudo que tínhamos, inclusive as moedinhas, e conseguimos 10 CUC o que era suficiente para pagar a nossa parte. Quando a gente falou que não ia pagar pra eles e que não íamos trocar dinheiro eles ficaram revoltados e a parada pegou fogo de vez. Começou uma discussão pesada em espanhol até que um dos cubanos falou que podia arrumar uma arma e me dar um tiro na boca! O negócio tava ficando sério demais. Nisso Felipe sacou 50 dólares da carteira e eu saí com o cara do restaurante para trocar os dólares em CUC para pagar a conta toda e sair da confusão que tínhamos nos metido.

O banco que fui era um pouco longe do restaurante e quando lá cheguei tive que enfrentar uma pequena fila então acabei demorando um pouco. Quando cheguei no restaurante, para minha surpresa, Felipe não estava lá assim como também não estava um dos cubanos, justamente o que tinha ameaçado pegar uma arma. Na hora falei “Já era pegaram o moleque e vão me mandar fazer alguma coisa pra ele sair vivo”. Fui pagar a conta e descobri que os 10 CUC que a gente tinha colocado na mesa pra pagar parte da conta tinham sido surrupiados pelo cubano que fugiu e daí tive que pagar mais 20 CUC ao invés de só mais 10.

Logo quando estava pagando a conta Felipe chegou e nós dois ficamos mais tranqüilos – como eu demorei para voltar ele achou que eles tinham me dado um sumiço e saiu para tentar me achar. Conta paga o segurança abriu a porta que foi trancada até que a gente pagasse a conta e nos acompanhou até a saída.

É galera, caímos no golpe. Acabamos gastando 30 CUC em dois drinks que num lugar normal não sairia por mais de 5. Desde quando chegamos em Cuba ficamos evitando essas pessoas que nos abordavam na rua, mas como não queríamos ter uma experiência totalmente turística em Cuba decidimos arriscar e ver no que ia dar. Acabamos tomando um prejuízo, mas saímos ilesos. Fica pelo menos o aprendizado...

Agora eu to no avião das Bahamas para os Marrocos, então até o próximos post diretamente do Marrocos.

PS: Mãe não precisa ficar preocupada que está tudo bem.

5 comentários:

Unknown disse...

CAra, que isso!
sua versão da história ficou assustadora! rsrs.. mas pelo que vcs tao falando foi sinistro!
Como vc falou, fica o aprendizado, sigam em frente e cuidado com os Homies... turista normalmente tem uma conotação ruim, de pessoa sem esperteza, e o povo tenta passar a perna mesmo.

abração cadi, finalzinho de período aqui ta tenso! daqui uns dias to de férias!

Carla Zorzanelli disse...

Ricardo!! Que perigo...tô chocada até agora...Graças a Deus vocês estão bem...
Se cuidem, por favor!
beijao
Carla

Anônimo disse...

Cadi,
estou lendo um livro de um sociólogo que eu adoro (Octavio Ianni), que se chama: Enigmas da modernidade-mundo e faz um tempão que eu queria postar um trecho do capítulo "A metáfora da viagem" para você, porque desde quando eu li, eu me lembrei de você e desse momento que você está vivendo. Agora, só resta saber se vai caber tudo:
"Quem viaja larga muita coisa na estrada. Além do que larga na partida, larga na travessia. À medida que caminha, despoja-se. Quanto mais descortina o novo, desconhecido, exótico ou surpreendente, mais liberta-se de si, do seu passado, do seu modo de ser, hábitos, vícios, convicções, certeza. Pode abrir-se cada vez mais para o desconhecido, à medida que mergulha no desconhecido. No limite, o viajante despoja-se, liberta-se e abre-se, como no alvorecer: caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao andar. (...) À medida que viaja, o viajante se desenraíza, solta, liberta. Pode lançar-se pelos caminhos e pela imaginação, atravessar fronteiras e dissolver barreiras, inventar diferenças e imaginar similaridades. A sua imaginação voa longe, defronta-se com o desconhecido, que pode ser exótico, surpreendente, maravilhoso, ou insólito, absurdo, terrificante. Tanto perde como se encontra, ao mesmo tempo que se reafirma e modifica. No curso da viagem há sempre alguma transfiguração, de tal modo que aquele que parte não é nunca o mesmo que regressa (IANNI, 2003; p.30-31)". São esses momentos e esses aprendizados experimentados que a gente leva da vida e que nos torna cidadãos, aqueles que são "sujeitos de direitos políticos e que ao exercê-los intervém no governo do país". Bjs e boas reflexões.

Anônimo disse...

oiiiii
sua mae me falou do seu blog,
e logo de inicio, leio este post
menino, que coisa é essa.....
me imaginei lendo um livro de ação...
lindinho tome cuidado.....
mil beijos
Pri

Bernardo disse...

FELIZ DIA DO AMIGO!! :D