Marrocos

Tenho um país inteiro e mais algumas coisas para colocar em dia, e esses últimos dias foram cheios de acontecimentos. Estou com pouco acesso a internet e sem muita paciência para escrever então vou colocar somente os highlights. Para galera que gosta de mais detalhes é só visitar o blog do Felipe (http://sembadtrip.blogspot.com) ou o blog do Ivan (http://ivan.nomadlife.org). Eu sei que estou devendo umas fotos também, olha no blog desses dois que tem muita foto e depois eu dou um jeito de colocar um post só com fotos. Enfim, começando...

Depois da estadia em Cuba tivemos que voltar para as Bahamas e esperar dois dias até o vôo para o nosso próximo destino. Das Bahamas tivemos uma parada em New York e lá encontramos com o Ivan, Mochileiro Atromelado que a partir de agora vai seguir comigo e Felipe pelo menos até a Indonésia. Conversamos muito sobre como tinham sido as ultimas semanas dele nos EUA e como tinha sido nossa viagem para Cuba e Bahamas.

O maneiro desse encontro foi a sensação de que o mundo já meio que parece o nosso bairro. Assim como eu marcava de encontrar com a galera para ir pra praia eu tava marcando com o Ivan de encontrar no aeroporto de New York, muito doido.

Seguimos de lá para fazer um escala em Madrid onde finalmente paramos para pensar: “o que a gente tá indo fazer no Marrocos mesmo!?” A única resposta que a gente tinha era andar de camelo no deserto do Saara e de resto não sabíamos mais nada. Nem mesmo tínhamos reserva em albergue ou hotel...

Depois de uma pequena cara feia da mulher da imigração conseguimos entrar no país mais perdidos que nunca. Só depois que eu desembarquei e passei pela imigração eu descobri que eles falam árabe (já até esperava) e francês (esse eu não esperava nem um pouco). Como nenhum de nós fala árabe e só o Ivan fala um pouco de francês já dá pra ver como foi a comunicação.

Depois de experimentar na pele como é complicado cair de pára-quedas num país desconhecido decidimos planejar melhor o restante da viagem. Passamos mais ou menos dois dias em Casablanca só planejando a viagem pela Europa. Fizemos um roteiro, reservamos albergues, fizemos orçamentos, suposições e revisões. Quem disse que viajar é só tranqüilidade!? Tava me sentindo fazendo um planejamento estratégico e operacional de uma empresa.... mas no fim parece que saiu tudo muito bem.

Voltando a falar do Marrocos... devido ao planejamento da Europa fizemos só um dia de tour por Casablanca. Como se trata de uma cidade comercial sem muitos apelos turísticos foi mais que o suficiente. Logo no dia seguinte ao tour partimos para Marrakech de trem. Uma das viagens mais quentes da minha vida, também passando pelo deserto não tinha como exigir muito, mas pela bagatela de menos de 20 reais não dá pra reclamar.

Chegando em Marrakech o cenário mudou completamente. Cidade turística e muito movimentada. Várias lojinhas espalhadas, uma praça gigantesca onde tem encantadores de cobra, contadores de estórias, artistas de circo, comida típica, comida pitoresca e muito mais. Realmente fascinante essa praça. A primeira impressão é muito forte e característica apesar de que com o passar do tempo tudo passa a se repetir e a sensação de novidade e descobrimento fica pra trás. Ou seja, era hora de mudar de ares! E nada melhor que uma mudança radical.

Antes que eu esqueça ainda em Marrakech encontramos com mais dois Mochileiros Atromelados, Sósia e Playboy, o que aumentou ainda mais a sensação do mundo como nosso quintal de casa. Estávamos eu, Felipe e Ivan no nosso albergue quando inesperadamente (não sabíamos o dia que eles iam chegar) recebemos a visita dos dois adidos a viagem. Muito irado ir encontrando e desencontrando o pessoal pelo caminho sempre traz um vibração nova pra viagem.

Ainda com a idéia de mudar de áreas saímos nós cinco de Marrakech para uma excursão de 4 dias e 3 noites no deserto do Saara. Várias paradas no meio do caminho para fotos e para conhecer um pouco da cultura do local. A parada mais interessante foi quando num oásis-cidade onde um guia marroquino explicou como funcionava a organização e a subsistência do local. Depois visitamos uma família nômade que morava na tradicional casinha de barro que ajuda e muito manter o calor do lado de fora. Dali foi parti pro deserto.

Andar de camelo, subir dunas, ver o sol se pôr, tomar sol na cabeça, tentar fazer um sandboar e um ski no deserto, passar calor até não querer mais, beber uns 5 litros de água e ir no banheiro só uma vez por dia (imagina o quanto a gente suava), comer pão em todas as refeições, tomar banho quente num calor de 50 graus... Uma experiência única. Cansativa? Sem dúvida! No fim seu corpo está todo quebrado, seu cabelo duro de tanto vento, sol e areia, sua cara abatida de tanto sol e noites mal dormidas. Mas com certeza gratificante! Nada substitui a sensação de liberdade de andar sozinho no deserto e só ver areia para todos os lados e aquela duna lá no alto te desafiando para subir.

Voltamos do deserto e passamos uma noite em Marrakesh para recuperar as energias e de lá partimos para Madrid na Espanha. Deixamos o Sósia e o Playboy no Marrocos e agora somos três novamente pelo menos até Roma.