segunda-feira, julho 09, 2007

Cuba

Tentem imaginar suas vidas sem Coca-Cola, McDonalds, Nike ou qualquer outro símbolo capitalista que já está tão enraizado na nossa cultura e no nosso estilo de vida. Agora imaginem passear pelas ruas da sua cidade é ver figuras do Che Guevara espalhadas, outdoors com citações de Fidel Castro sobre o que seria revolução, carros dos anos 80 que são considerados novos, muitos carros dos anos 40 rodando pela cidade, ônibus que fazem o transcol de Vitória mais cheio que você já viu parecer vazio e tantas pessoas pedindo carona que até parece um meio de transporte oficial.

Não demora muito tempo para você experimentar tudo isso quando você vem a Cuba. Mas não é só isso, deixe-me tentar escrever um pouco sobre as minhas impressões nesse país com alguns fatos que presenciamos até agora.

Ainda no aeroporto de Nassau, depois de duas horas de fila chega nossa vez de fazer o check-in. Uma mulher pede o passaporte e passagem, cobra 37 dólares (22 para o governo das Bahamas para sair do país e 15 para o visto de Cuba) e te manda para a mulher ao lado. Essa confere os documentos e teoricamente te dá o papel do visto e te passa para o cara do outro lado. Esse, por sua vez, finalmente faz o check-in das malas. Primeiro aprendizado sobre Cuba: pra quê usar só um funcionário se você pode usar 3 e não ter aumento nenhum na produtividade?

Chegando em Havana, num vôo operado pela Cubana Airline, não sei porque não me espantei muito ao ver escrito de fora a fora no avião que nos transportou Venezuelana, Hugo Chávez realmente tá querendo meter a mão em tudo que pode na América Latina. Entrando no saguão vamos fazer a imigração e novamente tinha o dobro de funcionários necessários para o serviço. É chegada nossa vez e somos questionados sobre o visto e prontamente falamos que compramos o visto em Nassau. Mas daí vem a segunda pergunta: “Pero donde está tu visto?”. Não sabíamos, simplesmente pagamos os 15 dólares e confiamos que a mulher colocou algum papel ou algum carimbo no nosso passaporte mas isso não aconteceu. Tentamos conversar com algumas pessoas, uma falou que não tinham nada com isso, outra falou que não era culpa dela e a última disse que não tinha culpa se a gente perdeu o visto, mas disse que podia vender outro pra gente. Como não tínhamos outra opção pagamos mais 20 dólares e compramos outro visto.

Passada a imigração era só esperar as malas e partir para o hotel. E cadê que as malas chegam?! Passam malas e mais malas na esteira e de repente a esteira pára e alguém fala que não tem mais malas. A gente olha pros lados e ainda tem umas 15 ou 20 pessoas sem mala – “Ufa, pelo menos não foi só a gente”. Entramos numa fila para dar nosso nome e tudo mais e avisar que ainda estávamos sem mala, enquanto isso vemos pessoas saindo com uns 10 volumes, caixas e mais caixas, praticamente todos residentes de Cuba. Algumas pessoas ficam revoltadas com a situação, pois o único motivo de não ter chegado todas as malas era o fato de não ter espaço suficiente para todas no avião. Daí alguns ganharam todos os seus 10 volumes enquanto outros nada, seria mera coincidência? A maioria achou que não e até rolou um bate-bota, mas de nada adiantou. No fim das contas tínhamos que voltar no dia seguinte e o táxi era por nossa conta. Voltamos e minha mala estava lá mas o do Felipe não. Teríamos que voltar em dois dias, pois no dia seguinte não tinha vôo. Voltamos e a mala não estava lá de novo e hoje vamos novamente lá para ver se finalmente achamos essa mala. No fim das contas vamos gastar mais de 100 dólares só para recuperar nossas malas.

Sobre o fato de sempre ter mais funcionários do que o necessário depois de uma conversa com um taxista a conclusão que cheguei foi que como aqui todos são funcionários do governo e todos tem direito a emprego o governo acaba contratando muito mais funcionários do que o necessário para não deixar as pessoas desempregadas. Como não tem serviço suficiente para todos a produtividade das pessoas acaba sendo muito baixa e como conseqüência imediata o salário também é baixo. Generalizando isso para o país como um todo dá para entender porque o país é tão pobre.

Até agora as conclusões que posso tirar é que é muito interessante viajar para Cuba para quebrar os paradigmas, conhecer como é uma sociedade socialista e por ai vai... mas de forma geral não se dá muita importância para o turista por aqui e nada parece funcionar muito bem.

Enfim, até agora para mim a melhor forma de descrever Cuba seria:

Um país que vive da memória de uma revolução que sonha com uma sociedade melhor, mas devido a uma desorganização generalizada não passa de um país pobre com ideais nobres.

País que parou no tempo. As construções, os carros, as rodovias, os hotéis... tudo é velho. Até os pensamentos que alimentam os ideais cubanos são antigos. Parece que nada de novo se cria nesse país e devido ao isolamento quase nada de fora chega até aqui.

Mas não me entendam mal, vale muito a pena conhecer te garanto que vai ser diferente de tudo que você já viu até hoje.

PS: Post escrito quinta-feira 05/07/2007 não publicado por falta de acesso a internet.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cadi cadera, meu amigo de aeroporto de São Paulo. muitas horas e muitos chopps.

toma juizo nessa viagem, aproveite milhões e por conta dos seus textos muito bem pensados e escritos eu animo de você arrumar um patrocicio pro seu blog, transformá-lo num site de verdade e começar a ganhar dinheiro com isso pra gastar mais na viagem e trazer "suvenir" pros amigos que acompanham! rá.

se cuida.