domingo, março 14, 2010

Uma Banda na América Central

Depois de pouco mais de dois anos sem escrever fiz uma curta viagem pela América Central. Sem pretensão de ressuscitar o blog, decidi escrever este post e juntar com os demais para manter na memória...

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“O recibo, por favor”, peço ao taxista.

Da entrada do aeroporto de Guarulhos para o saguão de check-in, direto para o guichê da TAM, um piscar de olhos. Voo para San José, Costa Rica, com escala em Lima, Peru. Brilho nos olhos, reflexo da ansiedade que precede a surpresa, contrasta novamente com o sorriso nostálgico paradoxalmente tímido.

Não eram 6h30 da manhã, o sol ainda lutava contra as nuvens – chovera em São Paulo nos últimos 30 dias – e as malas já estavam despachadas.

Aeroporto de Lima – o mesmo que há pouco menos de dois anos fiz minha última escala antes de ao Brasil retornar – continuava o mesmo, o viajante havia, entretanto, mudado. Almoço no aeroporto enquanto esperava a escala – luxo não antes regrado para um Atromelado, sempre com as contas apertadas para seguir viagem.

Lima a San José e o inesperado jogo duro do agente de imigração. “Onde está a passagem de retorno?”, por essa não esperava, havia despachado o e-ticket impresso, mas após breve conversa, visto concedido, carro alugado, GPS configurado, pé na estrada.

O perigo que nos foi alertado realmente existia. Estrada perigosa. Escuridão, chuva, serra, caminhões, pista sem marcação, sem sinalização. Por 1h30 estávamos apreensivos, mas após a serra tudo mudou, as 3h restantes até Tamarindo foram apaziguadoras.

Era madrugada, mas o calor não disfarçava sua vocação tropical. Fomos recebidos pelo segurança noturno do hotel, apresentados ao nosso quarto, após um dia cansativo de viagem e uma semana exaustiva de trabalho, dormimos sem sequer considerar aproveitar a noite de sábado.

Sereno despertar na manhã convidativa em uma cidade litorânea de um país desconhecido. Nada mais estimulante para o desejo contido de um viajante disciplinadamente autoaprisionado. Mesmo as malas extraviadas e as compras matinais, que precederam a praia, foram deficientes para desencadear o desanimo.

Ah, a beleza de viajar! À praia faltava beleza, mas o povo local fazia as honras. Comprar cerveja com um nicaragüense e falar sobre a vida, conhecer seus amigos e a realidade local ou mesmo jogar uma pelada com desconhecidos no fim de tarde. Tão simples, porém ainda tão efetivo para conhecer um novo país, uma nova cultura.

Cultura simples por definição, porém nem de perto simplista. No país impera o lema “Pura Vida”, algo como Hukuna Matata. O cerne ideológico se apoia no simples conceito de aproveitar a vida, e devido a essa filosofia diversos estrangeiros de países ricos abandonam suas vidas para viver a Pura Vida costa-riquenha. Apesar de interessante, não é muito minha filosofia. Difícil alinhar a simplicidade de curtir a vida a desafios e não cair no comodismo e imediatismo.

À noite saímos e nos decepcionamos. A noite costa-riquenha, tão propagandiada, não correspondeu, mas era domingo, então não julgamos.

O dia seguinte começou cedo. 4h30 já estava a escovar os dentes e às 5h estava pronto. O destino? Nada menos que Witch`s Rock, pico de surf internacionalmente conhecido e eternizado pelo filme Endless Summer II. Às 5h30 a adrenalina já corria o sangue, ajudada pelo nascer do sol atrás das montanhas, mesmo sabendo que acabara de iniciar a jornada de 1h30 de lancha até o pico.

4 pés de swell. Pouco menos de um metro de onda. Maré seca. Onda rápida. Abrindo para esquerda e direita. Fechando quando bem entendia. Insuficiente para criar condições épicas de um surf à altura do pico. Para um brasileiro criado nas ondas do Ulé, divertido. A Indonésia, todavia, ainda tem o seu posto.

O dia acabou, e ainda eram 4h da tarde, mas após umas 4 ou 5 horas de surf e um sol escaldante, que rendeu boas queimaduras mesmo com aplicação recorrente de protetor solar, a energia esgotou.

Costa Rica a Bahamas, passando antes por Miami para dormir uma noite. Tempo suficiente para deixar US$100 dólares na mão de um taxista e trabalhar no hotel para fechar a apresentação que seria utilizada na conferência da empresa nos próximos dias em Bahamas.

Finalmente o motivo da viagem, Bahamas. Por três dias os escritórios da Argentina, Brasil e México da Advent International – empresa onde trabalho – discutiram sobre as empresas que somos donos, trocaram experiências e investigaram novas oportunidades.

Inicialmente, poucas novidades sobre Bahamas. Tudo continuava exatamente como há dois anos e meio, como descrevi nesse mesmo blog, carros na mão inglesa, volantes do lado esquerdo; sotaque carregado; país dos ricos durante o dia, dos jovens durante a noite. A diferença é que, como estava bancado pela empresa, fiquei no grupo dos ricos durante o dia, e, obviamente, continuei no grupo dos jovens durante a noite.

Sem entrar em detalhes do trabalho, a conferência foi excelente. A apresentação que tive que fechar no hotel de Miami foi elogiada e conhecer os outros escritórios trouxe novas ideias.

Acabada a conferência na sexta-feira algumas pessoas decidiram prolongar e ficar o fim de semana, aproveitando como qualquer outra ilha tropical, praia e cerveja durante o dia, boate e diversão durante a noite.

Brasil, aeroporto de Guarulhos, 7h da manhã, o trabalho começava às 9h, tempo suficiente para passar em casa e tomar um banho. “O recibo, por favor”, peço ao taxista – de volta ao Brasil era hora de fazer o relatório de despesas da viagem para o reembolso da empresa...

4 comentários:

Lucas disse...

Cara, muito obrigado mesmo por ter feito esse relato das viagens de vocês! Eu pretendo fazer uma viagem dessa o quanto antes, e não só o teu blog tá funcionando pra mim como uma espécie de guia, mas também como inspiração!
Valeu mesmo, e muita sorte!

Lucas disse...

Ricardo, será que vc podia me dar uma dica sobre esse negócio do trabalho nos Casinos? Faz parte de algum work & travel program? Se não for, eu nunca tinha ouvido falar, e parece ser uma boa opção!

Ricardo Camatta Sodré disse...

Fala Lucas,

Desculpa a demora para responder, o trabalho nos casinos faz parte de um programa work & travel. Se quiser mais detalhes me manda um e-mail que a gente troca umas ideias.

Abraço

Anônimo disse...

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