quinta-feira, agosto 23, 2007

Vento no Litoral

Um post um tanto quanto diferente, eu admito. Queria fugir um pouco da descrição das cidades e tentar expressar parte do que passa pela minha cabeça durante a viagem. Lendo sei que não cheguei nem perto de expressar o que eu gostaria, ainda não tenho a capacidade literária. Mas acho que valeu a tentativa.


“Tudo acontecendo tão rápido, a cabeça não consegue processar. Chegou a hora? É, tá na hora! Arruma as malas pela 10ª vez, chega numa nova cidade e como a gente faz pra chegar no albergue??? Abre o laptop, pesquisa na internet, pega o metrô, depois o bondinho, anda um pouquinho, ufa, chegamos no albergue! Dorme, acorda e anda, anda, anda e cansa! Chega a noite no albergue, toma banho, sai para a boate, acorda de manhã e cadê todo meu dinheiro??? Faz as contas e descobre que o dinheiro não vai dá, TEM QUE DAR! Refaz as contas e descobre que ainda é possível, ufa! Arruma as malas pela 11ª vez, chega numa nova cidade e como a gente faz pra chegar no albergue mesmo??? Abre o laptop, pesquisa na internet, pega o metrô...”

E para quê mesmo toda essa correria? Ah, sim pra viajar. Mas viajar pra quê? É mesmo, viajar pra quê? Paro e matuto e as idéias dão um nó. Será que viajar só serve para sentir saudades do seu país natal e depois, quando acabar a viagem, serve só para sentir saudades dos lugares que você foi?! Pior ainda, por que a cada país que se passa tem que aprender tudo de novo? E por que tem que tomar tanta porrada pra aprender? Será então que viajar se resume a sentir saudades e tomar porrada, nada mais?

São tantas perguntas, mas fico feliz quando as respostas se tornam claras em momentos banais...

E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem...

Até que chegamos numa cidade de praia e basta um banho de mar para parar o tempo e a correria. Tudo parece em câmera lenta. Bem devagar algumas imagens da infância e juventude vêem a mente. A querida Praia da Costa, Guarapari, Trindade, Ubatuba, Indonésia e quase parado no tempo tudo fica tão claro.

Basta chegar numa cidade de praia e sentir aquele clima diferente, não dá pra explicar. Não é o calor, não é a brisa do mar... é alguma coisa diferente. Talvez o balançar das ondas, ou o ar de despreocupação, ou mergulho no mar cristalino ou vôlei de praia num fim de tarde. Quem sabe seja a felicidade no rosto das pessoas ou a vontade de aproveitar a vida. Não sei o que é, é simplesmente outro estilo de vida.

Não adianta querer me enganar. Por mais que eu conheça novas cidades, cada uma com o seu charme e sua beleza, toda vez que chego em uma cidade litorânea a sensação é muito diferente. Não que as outras cidades não tenham o seu valor, mas elas não são a minha praia...

São nessas horas que eu percebo como algumas coisas que sempre me pareceram tão simples e banais na verdade tem um significado tão grande. Será que é preciso viajar tanto para aprender a dar valor a essas coisas banais? Talvez não, mas quando se viaja não tem como escapar desses pensamentos.

Durante a viagem as partes mais marcantes foram simples eventos entre amigos que poderia acontecer em qualquer parte do mundo. Uma cerveja com os amigos num apartamento de praia; uma macarronada com amigos que não se via há muito tempo; um vôlei na praia; um cachorro quente, um burrito e um mendigão; uma festa de aniversário; uma amizade vai-e-vem repentina na praia; zuações e besteiras em geral.

Não precisa viajar muito pra fazer essas coisas e nem precisa de muito dinheiro. Então pra quê se preocupar tanto com o emprego ou com aquela prova? Se na verdade você vai parar pra refletir e lembrar daquele jantar em família, daquele churrasco com os amigos e do sorriso daquela menina.

Tá esperando o que ainda? Vai chamar o seu amigo pra tomar um açaí, os seus pais para uma conversa cabeça e um alguém especial para o cinema! Se eu tivesse no Brasil não perderia mais tempo.

5 comentários:

Anônimo disse...

Cadi!
VocÊ é idolo. agora minha vida tem mais sentido. haushausa.
Brincadeiras a parte, adorei o texto e foi entre tantas coisas essa de dar valor a coisas que antes nao pareciam tao importantes que eu aprendi numa viagem um pouco mais curta.

Continua aproveitando e dá um mergulho por mim. Essa parada de praia tb mexe comigo.
beijo.

pato disse...

Igual eu tava falando com o cazé outro dia...
tem vezes que a gente escreve um clichê, ou lê os outros escrevendo clichês...
mas de estar próximo e vivendo as mesmas coisas ao mesmo tempo aí que a gente entende pq os clichês e versinhos de sabedoria popular são tão famosos...

é porque são verdade mesmo...

E antes de tudo, eu achava que depois da viagem ia ser tão difícil voltar pro ITA e viver uma rotina denovo...

mas não é que vai ser é muito mais fácil?

Anônimo disse...

mlkaooo nao tem como , iradooo demais esse post , viajando contigo entaun ta sendo iradooo demais !!!
agora so ta faltando esse quack quack se juntar com o resto do grupo, ate o Ivan ja ta me dando bom dia antes deu falar qlq coisa uhauahuahauauh
valeuuuuu

bjaooooo

Ricardo Camatta Sodré disse...

Concordo com ti Pato. A forma de encarar o ITA depois da trip vai ser bem diferente...

Carla Zorzanelli disse...

Bem...eu já pensava isso, mas definitivamente depois de ler esse texto está mais do que certo na minha cabeça de que vc precisa escrever um livro Ricardo!! Não tem como vc correr...gente...é impressionante a forma como vc escreve, não só nos sensibiliza como traduz exatamente o q mtas pessoas normalmente sentem ou pensam mesmo que inconscientemente nessas situações...nossa, me identifiquei profundamente com tudo isso que vc falou e de fato já pensei nisso e refleti várias vezes, mas nunca consegui colocar em palavras da forma como vc escreveu...estou impressionada...me senti aí...no momento onde vc estava, numa praia...na viagem...sentindo o q vc estava sentindo de uma forma tão clara...me vendo aí...refletindo sobre tudo...nossa incrível...mto legal msm...
Bem...continue aproveitando e da um toque pelo msn qdo der pra matar a saudade...
um beijaoo e pensa no livro! hahaha