Várias vezes eu já parei pra pensar o quanto os intercâmbios que eu já fiz afetaram minhas decisões. O quanto que eles vieram a determinar o que eu faço hoje e os meus planos futuros. E toda vez que eu paro pra pensar nisso eu fico assustado. A influência é gigantesca! Cada intercâmbio me abriu a cabeça para várias idéias novas, aspirações antes inimagináveis e me levaram sempre a buscar metas mais nobres e ambiciosas.
Quando eu fui para meu primeiro intercâmbio eu ainda era muito moleque, tinha só 16 anos, e não tinha idéia do que seria essa experiência. Durante todo o intercâmbio eu encarei tudo com muita naturalidade, não sofri nenhum choque cultural muito grande e nem passei por situações muito difíceis. Quando voltei as pessoas me perguntavam como foi e eu dizia que foi legal e que eu aprendi muita coisa, mas na verdade eu não sentia tanto isso. Eu sabia que tinha aprendido o inglês de forma excelente, mas, fora isso, não percebi grandes mudanças.
Depois de algum tempo, entretanto, eu fui vendo que eu estava muito mais independente, meus planos futuros eram mais amplos e eu tinha amadurecido muito. Até antes do intercâmbio eu nunca me imaginava indo estudar no ITA e, como eu coloquei na carta que eu fiz ao reitor, eu tenho certeza que foi a cultura americana de valorizar uma boa faculdade independente da localização geográfica que me fez sair do Espírito Santo para tentar o ITA em São Paulo. Eu percebi também que eu confiava muito mais na minha capacidade pessoal. Mesmo não tendo passado por situações muito difíceis eu passei por todas as situações sem a ajuda direta da minha família e, além disso, eu também não tive grandes fracassos e isso ajudou muito a aumentar a minha confiança de ultrapassar obstáculos.
Depois de 2 anos e meio eu parti pra mais uma experiência internacional. Fui novamente para os Estados Unidos, mas dessa vez para trabalhar em um cassino – bem diferente de só estudar e ser sustentado pelos pais brasileiros e americanos. Morei numa casa com mais 9 brasileiros, cada um com uma história de vida diferente e com planos divergentes.
A experiência de morar com essa galera foi sensacional. Eu pude ver vários pontos de vistas diferentes para certas coisas que eu já tinha opinião formada, mas que só tinha opinião formada por simples alienação e pré-conceito do que pelo fato de realmente conhecer o assunto. Foi nesse intercâmbio que eu realmente percebi que é primordial considerar-se sempre um aprendiz e nunca achar que algo é absolutamente correto, porque em grande parte não existe certo e errado existe apenas o dito “normal” e o diferente – salvo casos extremos, claro.
Como já foi dito, foi nesse intercâmbio que surgiu a idéia da viagem de volta ao mundo. Essa idéia ainda era algo distante que achamos que seria legal fazer, mas que não tínhamos tanta certeza que faríamos, mas de qualquer forma foi o momento que a idéia surgiu.
Logo que eu voltei desse intercâmbio eu já comecei a pensar no próximo. Depois de algum tempo pensando decidi que depois de dois intercâmbios para os Estados Unidos estava na hora de tentar algo diferente, então dentro das opções com fácil emprego e lugar interessante a Nova Zelândia foi o destino escolhido. Fui pra lá pra trabalhar de bóia fria colhendo cerejas. Acordava todo dia as 5:10 da manhã pra começar a trabalhar as 6.
Esse intercâmbio é o mais recente então não tenho total certeza de quanta mudança ele causou, mas tenho algumas suposições... Foi durante esse intercâmbio que eu tive certeza da viagem de volta ao mundo. Os outros dois intercâmbios eu fiz através de uma agência de intercâmbio e esse foi o primeiro que eu fiz sem essa ajuda especializada (grande parte dos créditos vão pro Cazé por arrumar o emprego pra gente) e só o fato de me aventurar para um país desconhecido sem qualquer ajuda e obter sucesso com isso me mostrou que a viagem de volta ao mundo seria possível.
Foi nesse intercâmbio que eu realmente comecei a valorizar a educação. Antes eu via o fato de estudar muito mais como uma forma de agradar a família e/ou provar para mim mesmo que eu era capaz de superar determinado desafio do que uma forma de garantir uma vida futura muito mais confortável. Quer dizer, eu sabia que o fato de eu estudar me daria uma vida mais confortável, mas isso era um peso muito pequeno na minha balança de decisão do por que estudar. Trabalhando de bóia fria eu comecei a imaginar todas as pessoas que trabalham dessa forma como sustento e não durante um período curto como eu. Imaginei como seria trabalhar assim a vida inteira e vi que a grande diferença estava nas oportunidades que eu tive na minha vida, na orientação que os meus pais me deram e nos meus estudos. Por causa disso tudo eu não teria que ser um bóia fria a minha vida inteira. Enfim, a educação me deu opções e abriu caminhos.
Estava há algum tempo sem postar e ainda tenho muita coisa pra escrever por aqui, como a ida pra Norwich e New York e o meu aniversário, mas estava refletindo sobre isso hoje e decidi escrever. Espero que tenha dado para entender a idéia e espero que quem já fez um intercâmbio tenha se identificado e quem ainda não fez, bem... corre que ainda é tempo!
Para finalizar gostaria de deixar uma passagem do livro “Mar Sem Fim” de Amyr Klink que resume muito bem o que eu tentei falar nesse post.
"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o seu próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”
3 comentários:
Legal cadi!!
engraçado que hoje mesmo eu tava jantando no RU com alguns colegas, e começamos a falar de intercambio, tive que comentar as suas experiencias e cheguei a mencionar a carta que vc mandou ao reitor e tal, falando que os intercambios abriram sua mente e o fez aceitar desafios que antes nao acreditava ser capaz... Então, ao chegar em casa, me deparo com esse seu novo post. Acho que pensamos a mesma coisa no mesmo dia cara. Além disso, depois de ler consegui fazer um paralelo com minha experiencia. Hoje estou aqui em Viçosa, e devo isso ao Intercambio tbm. Assim como vc, tive a opção de ficar na UFES, e continuar sob as asas da mamãe..
Abração cadera! continue ralando aee... carnaval chegando, to indo pra itaunas acampar com a dri.. tamos mto bem no namoro! :D
e a mulherada ae cadi? depois escreve pro meu email! bbswim@gmail.com
saudade!
Bernadera MSVV
Legal!
Aê Cadi!
Simplismente sou seu fã....huahuahua
Tu é o cara!! Boa sorte sempre pra vc e um dia ainda quero ser vc...rsrs
O Cristo Redentor e Eu te abraçamos e abençoamos seus planos.
Rogerio
RdC
Postar um comentário