Atlantic City – O Efeito dos Cassinos

Uma das primeiras coisas que me chamou atenção quando cheguei em Atlantic City foi a enorme quantidade de lojinhas “Cash for Gold”. De primeira não entendi muito bem, mas depois de ver vários cassinos próximos (tipo quanto mais próximo de um cassino maior a concentração dessas lojinhas) eu logo entendi tudo.

Essa lojinha é o último suspiro do indivíduo que perdeu tudo jogando no cassino e depois de não ter mais como arrumar dinheiro o cara sai do cassino desolado e vê uma dessas lojinhas. Ele então pega qualquer coisa de ouro que possui, vende e volta pro cassino pra tentar recuperar a grana que perdeu. Muito provavelmente perderá tudo novamente e a lojinha que quando avistada seria a última chance se tornou o golpe final.

Não consegui achar uma foto do “Cash for Gold” então vai essa mesmo.

É o extremo do capitalismo: ganhe dinheiro como puder, não importa como! As pessoas que estão na lojinha sabem perfeitamente que estão dando o golpe final na vida de vários indivíduos, muitas vezes pobres, e ainda assim o fazem. Tudo bem que foi opção do cara gastar todo o dinheiro no cassino, mas isso não tira a culpa da lojinha de tirar proveito do desespero do indivíduo pra fazer grana.

Pôr do Sol em Atlantic City.

Depois disso eu não ficaria impressionado se daqui uns anos começarem a montar várias banquinhas de eutanásia, daí o cara que perdeu todo o dinheiro no casino e o ouro na lojinha pode se matar logo e se poupar da vergonha de chegar em casa e falar para os filhos e mulher que perdeu tudo. Do ponto de vista capitalista, pelo menos teria mais alguém pra fazer grana com o desespero do jogador viciado.

Cassinos ao fundo: Ballys, Ceasers, Trump e Tropicana.

Fora isso também é incrível o número de pessoas mal encaradas e mendigos na rua. Não é algo muito assustador pra quem está acostumado com a realidade brasileira, mas para uma cidade americana é muito acima do normal. Tem até um serial killer que já matou 7 mulheres nos últimos meses.

Hotel Lobby do Ceasers.

Outra coisa que as pessoas estranham é o ambiente do cassino. A imagem que é passada nos filmes é de muito glamour, riqueza, felicidade e diversão, mas na verdade quando você está trabalhando lá no dia-a-dia é muito mais pobreza e vício do que qualquer outra coisa. É claro que em datas como reveillon o glamour e a riqueza estão presentes e que a decoração do cassino é sempre bem luxuosa. Mas no geral o público freqüente são pessoas mais humildes com o sonho de riqueza fácil e que quase sempre acabam gastando mais do que deviam e voltam tristes para casa.

Chafariz no shopping do ceasers.

Mas, por incrível que pareça, os cassinos também têm o lado bom. Grande parte dos empregos da cidade giram em torno dos cassinos. Pra se ter uma idéia eu já pedi emprego em umas vinte lojas e restaurantes, mas nenhum está contratando. Já os cassinos não param de contratar. O cassino também é uma ótima opção de lazer para aqueles que sabem aproveitar. Sempre tem shows rolando das mais diferentes bandas e também quase todos tem boate.

Bem acabei nem falando tanto do visual da cidade, mas eu acho que com as fotos que eu coloquei durante o post deu pra ter uma idéia da paisagem.